30 de set. de 2011

FILOSOFIA - EDUCAÇÃO... (LIVROS, TEXTOS...)

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REFLETIR - DO DIREITO DE DIZER-SE

DO DIREITO DE DIZER-SE

“O que nos falta é a capacidade de traduzir em proposta aquilo que ilumina a nossa inteligência e mobiliza nossos corações: a construção de um novo mundo” (Herbert de Souza, Betinho)

Todos os cidadãos e cidadãs têm o direito de dizer algo sobre sua cidade. As Câmaras de Vereadores, também chamadas “Casas do Povo”, instaladas em todos os municípios de nosso país, com raras exceções  garantem espaços para que a comunidade possa expressar, livremente, os problemas que afligem a sua vida na cidade. Os obstáculos à cidadania e à manifestação popular que as casas legislativas impõem a seu povo não constituem importante contradição da própria democracia?
A cidadania precisa de um lugar de fala e de escuta pública. Ao falar do seu lugar, do seu bairro, da sua realidade, dos seus problemas e de suas conquistas, o povo diz-se a si mesmo. Deste modo, elabora um jeito de viver a cidade e conviver socialmente. Na medida em que os agentes políticos oferecem oportunidades para a população dizer-se, maiores serão as possibilidades de integração social e de resolução dos problemas que envolvem a coletividade.
Vivemos sob o regime da democracia representativa, mas felizmente uma parcela significativa da população vê também as Câmaras de Vereadores como um espaço que, por excelência, deveria acolher as suas demandas, sugestões e reclamações. As Câmaras de Vereadores, por acolherem a pluralidade das diferentes ideologias partidárias, poderiam organizar-se para oportunizar espaços de discussão sobre os destinos de uma cidade. Sem uma interlocução permanente com a população, o legislativo não cumpre com a sua finalidade de representar as demandas e os interesses desta mesma população.
Depois de eleitos, todos os vereadores passam a ser vereadores de toda a população de uma cidade. Infelizmente, muitos vereadores adotam posicionamentos direcionados somente àqueles grupos ou pessoas que tiveram interesse na sua eleição, deixando de cumprir sua missão de homens públicos, eleitos para legislar, acolher e encaminhar as demandas da comunidade, fiscalizar e acompanhar todas as obras públicas executadas pelo poder executivo. Por sua condição de homens públicos, suas atitudes, falas e intervenções públicas sempre são passíveis de questionamento, explicações e responsabilização, por mais que gozem de “imunidade parlamentar”.
A socióloga Maria Alice Canzi Ames, ao comentar sobre a impossibilidade de manifestação pública na Câmara de Vereadores de Santa Rosa, RS, afirma que “as ideias e as opiniões, mesmo sendo divergentes devem circular de forma livre. As pessoas têm direito dentro de um estado democrático de manifestar livremente a sua palavra”. Manifesta ainda que a atitude de barrar manifestações numa Câmara de Vereadores fere os princípios da democracia, que significa a autoridade e a força do povo.
A cidadania preconiza que tenhamos asseguradas possibilidades de todos viverem e dizerem a cidade da qual são parte. O que nos une, na democracia, são os interesses coletivos. Na sua cidade há espaços para o povo dizer-se? Os espaços sociais de sua cidade permitem a construção de uma nova sociedade?


Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.

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16 de set. de 2011

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DE CORRUPÇÃO E FAXINA

De corrupção e faxina

“A política não é a arte do que é possível fazer, mas sim de tornar possível o que é necessário fazer”. (Augusto Boal, dramaturgo brasileiro)

Nem a faxina e nem a corrupção são invenções femininas. A corrupção é um evento de natureza essencialmente humana, que decorre como fruto das oportunidades, elaboradas ou fortuitas, do caráter dos oportunistas ou dos interesses escusos ou mal intencionados. Jamais acabaremos com a tão disseminada “praga” da corrupção que corrompe os espaços da esfera pública e privada. O que podemos fazer é “torná-la cada vez mais difícil de ser praticada”, como pensa a nossa presidenta da República Dilma Rousseff.
Quem cunhou o termo “faxina” para denominar os esforços que governo, parlamentares e organizações da sociedade estão empenhando pelo controle da corrupção o fez sem considerar o significado do próprio conceito e sem pensar nas conseqüências nele implicadas. A verdadeira faxina é praticada todos os dias, nas nossas ruas e casas, por milhares de mulheres e homens no Brasil que, de forma digna, fazem deste ofício o sustento e alento de suas vidas. Estes, sim, “faxinam” os nossos lixos e restos.
É difícil falar de faxina sem recorrermos a uma casa. Ocorre que existem implícitas em toda faxina diferentes modos de conceber a arrumação como a limpeza de uma casa. Há quem prefira casas esterilizadas, semelhantes a um centro cirúrgico ou cenário de novela. Há outros, no entanto, que preferem casas que promovam a vida e a festa, muito antes da arrumação. Carlos Drummond de Andrade, em seu poema “A casa arrumada” afirma que “casa com vida é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha. Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na cara que é casa em festa”. Faxinar pressupõe, por isso mesmo, “limpar o ambiente” com a certeza de que o mesmo logo mais estará sujo. E não é isto que se deve fazer para combater a corrupção.
O fato é que, no nosso jeito brasileiro, em cada momento histórico, vamos fabricando expressões lingüísticas para deixar tudo como está ou para zombar de quem está fazendo alguma coisa. Sempre arrumamos formas de não assumir nossa responsabilidade individual diante dos problemas enfrentados por todos. Fica muito mais fácil e cômodo ignorarmos a “corrupção nossa de cada dia”, aquela que enxergamos e da qual temos conhecimento, focando como se a mesma se concentrasse na Capital Federal, Brasília. É sempre menos comprometedor faxinar do que combater.
 No Brasil, não vivemos a cultura da radicalidade. Pela radicalidade, buscaríamos as soluções para nossos problemas a partir da raiz de sua existência.  Radicalidade é a nossa predisposição para a mudança efetiva e comprometida das realidades. Mas será que temos alguma predisposição para mudar o curso das coisas que movem a nossa vida social? A quem interessa combater a corrupção?
A corrupção gera-se em contextos circunstanciais, quando há oportunidades reais para que alguém, a partir de sua posição ou poder, apodere-se injustamente de algo que não lhe pertence. Não há como deter controle absoluto sobre as condutas pessoais e nem sobre a corrupção, mas há muito para fazer para resgatarmos valores como a ética, a justiça, a responsabilidade social, o zelo e a consideração pelas coisas públicas, a dignidade humana, o valor da política. Estes, sim, podem constituir uma nação mais cidadã e mais livre. São o verdadeiro antídoto para combater a corrupção.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.

9 de set. de 2011

METAMEMORIA - MEMORIAS, TRAVESSIA DE UMA EDUCADORA - MAGDA SOARES


Especialização em Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos




        Aluno: Onesio Primo Longhi



RESUMO DO LIVRO:
Metamemória – memórias
Travessia de uma educadora

- MAGDA SOARES -


Ao iniciar a leitura, busquei inicialmente compreender o significado do titulo da obra. Pesquisando, encontrei algumas explicações que sao interessantes, neste processo de busca e aprofundamento. Chamou-me a atenção o titulo. Busquei compreender o significado do termo “Metamemória-memórias” para melhor entender a obra.                                                                                            
O Ser Humano é essencialmente constituido pela e para a busca do conhecimento, considerando também que há varios níveis de conhecimento. Há niveis mais elevados, podemos dizer que um deles é a capacidade da metacognição, que é possibilidade de pensar conscientemente o proprio processo congnitivo.
Diante disso é fundamental compreendermos que podemos e devemos controlar e gerir os próprios processos cognitivos, pois dão a noção da responsabilidade pessoal e coletiva pelo desempenho escolar, gerando confiança nas próprias capacidades e auxiliar os outros a desenvolvê-las. Candau (2001) caracteriza a memória, como uma capacidade neurobiológica complexa. Afirma também que a metamemoria pode ser caracaterizada como o conhecimento que o individuo tem de sua própria memória e de sua dimensão temporal e o que o individuo diz e pensa e articula sobre si mesmo. Para compreender ainda melhor, busquei compreender o termo metacognição. O termo foi utilizado na década de 70, pelo psicólogo John H. Flavell, nos estudos sobre a memória, definido como a auto-regulação de qualquer iniciativa cognitiva (FLAVELL, 1979).
Na introdução já podemos perceber a importancia do genero memorias, na atualidade, e também aparecem algumas características: “Nem autobiografia falsamente literaria, nem confissões inutilmente intimas, nem profissão de fé abstrata, nem tentativa de psicanalise selvagem”. Elaine Marta Teixeira Lopes, apresenta o genero memorias, como genero da Historia, Historia da Educação. Aponta a validade do trabalho por “... ser uma tentativa de laboratorio, ou que os historiadores se fizessem historiadores de si mesmos”.
O livro de Magda foi escrito a partir do desafio a que a autora foi submetida em apresentar um memorial, como requesito de inscrição em concurso para ingresso na Universidade Federal de Minas Gerais. Interessante observar a seguinte afirmação: “... acredito que é pelo presente que se explica o passado...” Esta afirmação é fundamental, pois nos ajuda a nos compreendermos hoje a partir da compreensão do passado. Esse processo é dialetico. Quanto mais compreendermos o hoje, compreenderemos a importância do passado na perspectiva de construção de um presente cada vez melhor. 
O capitulo tambem aponta a importância de partir do presente, compreendê-lo bem para compreender o passado, como fundamento do presente.            
A autora faz uma retrospectiva do seu processo de formação, “produto de uma formação metodista, cuja fundamentação e responsabilidade social do cristão e seu compromisso com a luta contra a injustiça e discriminação sociais”. Filha de professor universitario, sensivel aos problemas sociais, e voltado para as soluções destas situações.
Acredito que este é o fator determinante da historia e vida da autora. Interessante observar que como bem afirma Magda, o memorial só é possivel a quem tem um passado academico para contar. Reforça a concepção de que a integridade histórica de cada Ser Humano se dá a partir de seu proprio contexto. Em outras palavras, a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam.
Outro aspecto que considero fundamental, apontado no livro, é que a mudança de teoria, princípios, paradigmas proporciona a mudança de visão de mundo, e com ela, a mudança do proprio mundo e o modo como encará-lo.
No capitulo quatro, Magda faz uma analise do fato historico e sua relação com o historiador. A autora se faz objeto de estudo, voltando ao passado, consegue percebe-lo, vendo-se nele, não como foi, nem como ela foi, mas perceber-se hoje no passado que foi. Concepção sintetizada no escrito de Eclea Bosi (1979: 17), “lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir , repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiencias do passado”.
A autora seleciona fatos e ideias do passado em funçao dos seus efeitos no presente.
No livro é abordada a questão da ideologia, na perspectiva de pensar o passado e descobrir as percepções e o que estava pensando quando vivia no passado, elevando a experiencia passada à inteligibilidade. Saber que ideias, valores, percepções, concepções dominantes, determinavam em cada momento passado em sua vida. Dentre outros fatores há a identificação de que em sua formação, a enfase foi dada ao individualismo, enfocado no apelo à responsabilidade pessoal e na afirmação da liberdade pessoal.
Outro aspecto identificado é a enfase dada ao êxito, mitificando a questão do trabalho: o êxito de cada um significaria o êxito de toda a sociedade”. Onde a escola também inculcava os princípios da ideologia liberal.
No tocante ainda a questão da ideologia, considerarei e destacarei alguns aspectos que são fundamentais para compreensão da realidade, de maneira mais completa possivel, ou seja, a autora cita Marilena Chaui (1981 : 114-15) “O discurso ideologico é coerente e racional porque entre suas ‘partes’ ou entre suas ‘frases’ há ‘brancos’ ou ‘vazios’ responsáveis pela coerencia. Assim, ela (a ideologia) é coerente não apesar das lacunas, mas por causa ou graças às lacunas. Ela é coerente com ciencia, como moral, como tecnologia, como filosofia, como religião, como pedagogia, como explicação e como ação apenas porque não diz tudo e não pode dizer tudo. Se dissesse tudo, se quebraria por dentro”.
Fazendo uma analise critica, ou quem sabe a metamemória, a autora se questiona: “Que sabia eu, então de ideologia liberal, de pragmatismo, de escola nova?”.
A autora relata em sua analise que “Lia, escrevia e tambem agia dominada pela ideologia liberal-pragmatista e pelos principios da Escola Nova...”.
Interessante apontar que devemos fazer, apesar de tudo, a critica da ideologia, ou seja, tentar dizer tudo e quebrar por dentro a ideologia. Penso que a “metamemoria”, repito, pode nos ajudar a compreender melhor esta realidade e a partir disso, começar um processo de transformação coerente, seguro, desafiador.
Eu diria que se conseguirmos unir, como proposta metodológica, a critica da ideologia e a metamemória, estaremos apontando para um processo educacional, que proporcionará o desenvolvimento integral do Ser Humano.
O aspecto da mistificação pedagogica vivenciada pelos alunos e professores, onde uns obtinham sucesso, outros fracassavam, e tudo se explicava exclusivamente pelas diferenças de “dom ou aptidão”; onde, afirma a autora, todos aceitavam tranquilamente as desigualdades a qual era atribuido um  valor positivo. Pergunto-me: Será que hoje não acontece algo parecido?
Diante disso, o que podemos e devemos fazer? Será que uma proposta como a metamemoria não ajudaria a melhorar o processo educativo?
A nossa vida, as trajetórias educacionais, emocionais sofrem cortes bruscos.
Foi o que aconteceu com Magda, ao lhe chegar em suas mãos livros com o pensamento de Theodore Bromeld, que exerceram influencia muito grande. Bromeld a fez compreender que o objetivo da educação é transformar a sociedade e o papel da Escola é promover a mudança social.
Importante observar o que a autora considera essencial para tornar possivel a compreensão das historias de cada um. Inicia afirmando: ”Enumero essas leituras porque acredito que a historia de uma vida academica e das ideologias que a foram informando se faz pela historia do que se leu, ao lado da historia do que se escreveu e da historia do que se ensinou.}” (pag. 70).
Transcrevo outra citação, que considero fundamental no processo de construção e de desenvolvimento pessoal: “Quanto mais perfeitos as mensagens, mais perfeito a construção do outro, mais perfeito a construção do eu e, portanto, mais perfeita a construção do mundo” (pag. 72).
A autora nos ajuda a compreender os processos de mutação pelos quais passam os seres humanos, que é fundamental compreender: a mudança de concepção do universo leva-nos a mudar o nosso relacionamento com o mundo, mudando com isso a nossa visão de futuro da Humanidade.
Diante das dificuldades, das crises surge o questionamento: Qual o papel da educação, do educador? O aspecto principal da Educação é fazer que o ser humano se aproprie do seu contexto historico, levando à tomada de consciência critica, resistindo à massificação e imposição, tornando-o lucido para refletir a sua propria condição.
O livro de Magda Soares se trata de uma narrativa autobiográfica, que nos possibilita refletir e compreender a trajetória da autoria, mas também possibilitar que outros sujeitos façam esse mesmo exercício. Retomando o passado em suas mãos, onde as experiências possibilitam não só que o próprio sujeito da trajetória aprenda, mas que também os outros que tem a possibilidade de ter contato com ela possam fazer uma reflexão no sentido de aprender mais e contribuir para a própria vivência e para a vivência em comunidade.
Como encerramento do trabalho, considerarei dois aspectos o que a autora aponta ou que aparecem em seu livro, que para mim são fundamentais. Iniciarei apontando o que aparece nas considerações finais, “À guisa de explicação, de novo: sem mistificação?”, onde o processo de desmistificação da Escola é fundamental.
Para ajudar esta compreensão, transcreverei duas idéias básicas, que Magda trabalha de forma muito interessante em seu livro.
Iniciarei pelo que ela considera, a partir da metamemoria. “A diferença fundamental é que eu não via o que era, via o que devia ser – quando sonhava com a educação para uma sociedade democrática, ou com a educação para a mudança social, ou com a educação para o desenvolvimento... hoje sei que o ‘caminho é de pedra’, mas sei, também,que ‘não quero parar’...” (pág. 115). E para fechar com chave de ouro, no inicio do capitulo seis, “Igualdade para desiguais” em sua abertura aparece a citação de Mário Quintana: “Democracia? É dar, a todos, o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um.” (pág. 51).
Foram fundamentais as reflexões realizadas, que possibilitaram compreender melhor a importância do processo de formação, educação e de modo especial em desafiar-se e desafiar para formar sujeitos conscientes de sua historia, capacitados, e que busquem construir uma Nova Sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SOARES, Magda. Metamemória-memórias: travessia de uma educadora. São
Paulo: Cortez, 2001.

FLAVELL,  John;  MILLER,  Patrícia;  MILLER,  Scott.  Desenvolvimento  cognitivo.  Porto  Alegre:  Artes  Médicas Sul, 1999. 3 ed.
______, John  H.  Metacognition  and  cognitive  monitoring:  a  new  area  of  cognitive  developmental  inquiry. American Psychologist. vol. 34, n. 10, p. 906-911, 1979.
MATLIN, Margaret W. Psicologia Cognitiva. RJ: LTC Livros Técnicos e Científicos. Editora S.A., 2004. 5ª  ed.  
CANDAU, Joel. Memoria e identidad. Buenos Aires, Del sol, 2001.

8 de set. de 2011

A BUSCA DA FELICIDADE... NA ERA DA ESTUPIDEZ

Na era da estupidez

“Vivemos esperando dias melhores /...O dia em que seremos melhores /Melhores no Amor/Melhores na Dor /Melhores em Tudo” (Jota Quest, canção Dias Melhores)

Ao sermos interrogados sobre como estamos, é comum respondermos a quem nos interroga de que estamos com pressa, “sempre correndo”. Mas correndo de quem?  Correndo para onde? Correndo atrás de quem? Ou nossas respostas estão vazias de sentido ou, talvez, revelem que estamos a correr, desesperadamente, sem rumo e direção.
Não há razões que justificam tanta violência nossa de cada dia que decorre de coisas banais. A violência,  transformada em rotina, dá-nos a impressão de que vivemos num tempo em que tudo se pode resolver impondo a força, a esperteza, o despudor, a estupidez ou a eliminação física daqueles que, porventura, “atravancam” o nosso caminho. Mas será que a violência não está a nos revelar que a estupidez é que tomou conta da gente e que o que nos resta é administrá-la? Será possível vencer a estupidez humana?
A estupidez fundamenta-se na idéia de que não sou humanidade, sou somente eu. Se somente é eu que valho, tudo o resto é secundário e, portanto, passível de manipulação. O outro, que se vire, que se imponha, que se apresente como eu. Não sou capaz de reconhecer a minha condição de dignidade humana como algo que depende ou que pode ser complementada na convivência com os outros. Então, se o outro em nada me ajuda, que pelo menos não me atrapalhe. E, se resolver atrapalhar, nada melhor que julgá-lo, humilhá-lo ou mesmo eliminá-lo.
Muito preocupante é que muitos de nossos adolescentes e jovens, a partir das constatações referidas, operam as suas condutas e ideias na mais absoluta relatividade, menos quando se trata da exaltação do próprio eu (egocentrismo). Para muitos, tudo é razão de competição ou de etiqueta. Representar é mais importante do que ser. Ter é muito mais importante do que ser. Viver, na máxima velocidade e intensidade, é o melhor do que se tem para fazer. Então porque pensar no futuro?
Sempre é importante retomar valores que são a base de nossa compreensão de convivência social, como de nossa civilização. A generosidade, o convívio e a compreensão, por exemplo, são geradas pela escutatória. A escutatória é a nossa capacidade de desprender-se um pouco de si para tentar compreender as atitudes e pensamentos dos outros. Mas será que  ainda estamos a fim de perder tempo para ouvir alguém? Ainda temos paciência para compreender que determinadas atitudes resultam de nossa vivência pessoal atribulada e pela falta de habilidade de conviver? Ainda seremos capazes de reconhecer que tão importante quanto falar é também saber ouvir?
A violência é a face mais perversa de nossa estupidez humana. Na medida em que viver, matar ou morrer viraram obras do acaso, estamos perdendo a verdadeira noção de humanidade, sempre latente em cada um e cada uma de nós. Esta humanidade, presente e latente em cada um e cada uma de nós, requer ser reinventada e recriada em cada momento histórico. Nem sempre vivemos do jeito que vivemos hoje e, no futuro, poderá ser que viver seja ainda muito mais diferente e complexo.
Vivemos esperando dias melhores. Dias melhores virão se formos capazes de perceber que vivemos enozados, interdependentes, frágeis, desejosos de comunhão e trocas, mesmo que quase todo o mundo conspire contra a gente. Mas somente a espera pode nos cansar. Vivamos, pois, escolhendo caminhos de liberdade; não de estupidez.

Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.