21 de out. de 2013

Dia dos Professores

Do que move os professores

"Aprender é descobrir aquilo que já sabemos. Fazer é demonstrar que você sabe disso. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tão bem quanto você. Vocês são todos aprendizes, fazedores e professores." (Richard Bach)

            Somos movidos pelas nossas utopias e paixões. Mas a realidade cotidiana é sempre dura, reveladora e cheia de contradições. A vida daqueles que denominamos mestres, educadores, professores, infelizmente, também anda triste e desmotivada. Sim, logo aqueles e aquelas dos quais a sociedade ainda espera muito (saber, sabor e sabedoria). Pouco valorizados e feridos em sua dignidade, estes resistem bravamente. A escola tornou-se lugar de onde se espera muitas soluções, muitas delas muito além das demandas de ensino-aprendizagem e das competências a partir das quais a mesma se organiza.
            Vivemos tempos em que aqueles que cuidam, não são cuidados. Aqueles que educam, não são valorizados. Aqueles que amam, sofrem com o deboche e o desprezo daqueles que não acreditam mais no amor. E assim, vamos alimentando apatias e desencantos. Somos obras de uma racionalidade que se perdeu. Não sabemos quando, aonde e nem como haveremos de nos reencontrar conosco mesmos e com os outros, para reconstruir novas relações de mundo e de vida.
            Todos aqueles que já tiveram passagens pela escola, sabem quando e como, o professor ou a professora, a partir de sua vivência teórica e empírica, se dispuseram a orientar, motivar ou acolher. Suas sábias atitudes contribuíram no discernimento de decisões importantes em sua existência.
            Por sua vez, os professores não deveriam, mas já se acostumaram. Acostumaram a ganhar baixos salários. Acostumaram a ter de trabalhar sessenta horas semanais para garantir mais dignidade à sua família. Acostumaram aceitar todo o tipo de pressão que a sociedade e os governos exercem sobre seu ofício e sobre a escola. E agora, pasmem, alguns já estão se acostumando com a desesperança, que pode ser facilmente percebida na expressão de seus rostos e de seus olhares. Uma constatação triste, pois sempre foram e são vistos pelos adolescentes e jovens como um alento da esperança.
            Nossos professores e nossas professoras estão doentes e estressados. Cuidaram, encaminharam e salvaram vidas alheias, mas não dedicaram o devido tempo para cuidar de sua própria vida. Como contemporiza a escritora Marina Colasanti, “eu sei que a gente se acostuma, mas não devia. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. A gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma”.
            Apesar de já terem se acostumado com tantas coisas, a maioria dos professores mantém sua missão de semear esperanças. Mas, muitos deles, já pensaram em desistir, mas não conseguiram. “Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça”. (Geraldo Estáquio de Souza).
Ainda bem que os professores e professoras são tomados por uma imensa paixão de viver e de ensinar. E não desistem....

Nei Alberto Pies, professor e militante de direitos humanos.